Início
Lembrou-me Tempos Modernos. Leal (Antonio Fagundes) passou a novela inteira dizendo a Hélia (Eliane Giardini) o quanto a amava para, na ultima cena, aceitar que o amor deles foi mera fantasia de uma noite de paixão e se jogar nos braços de Iolanda (Malu Galli). Ari sempre declarou em prosa e verso que Suzana (Malu Mader) era a mulher da sua vida e o sentimento era totalmente recíproco. E aí, do nada, a editora da Moda Brasil diz que eles nunca seriam felizes juntos e o cretino aceita. Vai correndo para os braços de Martita com as flores que comprou para a outra. Foi muita humilhação… Sem falar que o romance dele com a costureira foi tão mal desenvolvido que nem deu chance para os atores desenvolverem algum tipo de química.
O aparecimento do verdadeiro Victor Valentim também foi muito um mau negócio. Além da péssima escolha do morto-vivo do Nuno Leal Maia para o papel, detestei a forma fácil com que ele – na pele do Professor Cassiano – mudou completamente a personalidade vilanesca do Pedro (Marco Piggosi). Com poucas palavras um novo mundo se abriu para o pilantra. Eu posso? Da série “me irritou profundamente” também está a incapacidade de Caio Castro de expressar qualquer tipo de sentimento. Foi assim com o acidente que vitimou seu irmão, Osmar (Gustavo Leão), lá no primeiro capítulo, e agora com a capotagem que quase matou Marcela (Ísis Valverde). E, depois desse vexame, o sujeito ainda foi escalado para Fina Estampa, a próxima novela das 9. Arre!
Da última semana o que mais curti foi a lindíssima cena de Thales (Armando Babaioff) se declarando a Julinho (André Arteche). Armando estava especialmente bem, mas André não ficou muito atrás. Os dois deram densidade, emoção e romantismo e só faltou o bendito beijo, que duvido muito chocaria alguém, frente a tanta desgraça acontecendo no mundo. Mas… Curti demais ainda as sequências musicais do casamento de Thaísa (Fernanda Souza) e do adeus de Jaqueline (Claudia Raia) e Thales, nitidamente inspiradas na série Glee. O casório, então, reproduziu quase na íntegra o enlace do pai de Kurt (Chris Colfer). Muito fofo! Já Claudia pôde mostrar na telinha todo seu talento musical que o público de teatro conhece tão bem. E Armando precisou se esforçar muito para acompanhar a parceira. Conseguiu! Foram dois golaços de um diretor explosivo como Jorge Fernando.
Gostei demais também de Luti (Humberto Carrão) ficar com Camila (Maria Helena Chira). Ele nunca combinou muito com a Val (Juliana Paiva) e a menina, para não ficar totalmente por baixo, já que foi humilhadíssima ao ser largada no aeroporto a ver aviões, ganhou o belo consolo do Érico (Sidney Sampaio). “Bom, bom, bom, não tá. Mas… Tá bom”, já diria Lady Kate (Katiuscia Canoro), no Zorra Total.
Ti-Ti-Ti chega ao fim cumprindo sua trajetória com muita galhardia. Foi uma novela alegre, extrovertida e, mesmo nos momentos de maior tensão e dramaticidade, nunca foi pesada ou chata. Graças ao texto brilhante de Maria Adelaide Amaral, à direção de Jorge Fernando, às divertidas inserções gráficas no meio das cenas e, claro, ao elenco incrível. Já falei tantas vezes, mas não me canso de repetir: Claudia Raia reinou absoluta e teve aqui o melhor papel de sua carreira. Vivendo uma personagem à beira da caricatura, ela conseguiu ir lá ao limiar do ridículo sem sair do salto. Um arraso! Mas bem diferente de Alexandre Borges. Excelente ator, ele perdeu o rumo com Jacques Leclair e foi o ponto negativo da novela. Jacques desmunhecou quando não deveria e nas poucas vezes que mostrou ser uma pessoa de verdade, nunca convenceu ninguém.
Também não vou me cansar de dizer o quanto acho Murilo Benício extraordinário e, aqui, ele foi muito inteligente: percebeu que não daria para competir com Claudia Raia e foi comendo pelas beiradas, fazendo de Ari/Victor Valentim um personagem inesquecível e no nível do vivido por Luís Gustavo na trama de 1985. Luís, aliás, também fechou a história com chave de ouro, nos brindando não só com Mário Fofoca, mas também com sua versão do Valentim. Ressalto também as deliciosas atuações de Giulia Gam, Regina Braga, Nicette Bruno, Elizângela, Betty Goffman, Maria Célia Camargo e Rodrigo Lopez.
Da ala jovem, destaque para Humberto Carrão, Guilherme Winter, Armando Babaioff, André Arteche, Maria Helena Chira, Mayana Neiva, Fernanda Souza, Sophie Charlotte, Thaila Ayala, Rafael Zulu, Rosanna Viegas, Davi Lucas e Clara Tiezzi, uma bela surpresa. E por falar em surpresa, tiro o chapéu para Juliana Alves e Guilhermina Guinle, maravilhosas como as grandes vilãs da história.
Já Malu Mader, Christiane Torloni, Dira Paes, Leopoldo Pacheco, Tato Gabus, Mila Moreira, Mauro Mendonça, Mônica Martelli, Izabella Bicalho e Marco Ricca não tiveram muito que fazer e ficaram relegados a cenas inexpressivas. Rafael Cardoso, Alexandre Slaviero, Juliana Paiva, Julio Oliveira e Lúcia Bronstein não convenceram, enquanto Caio Castro poderia mudar de carreira e Marcos Frota se dedicar apenas a seu circo…
Na segunda-feira (dia 21) estreia Morde & Assopra e acho que Walcyr Carrasco vem aí com a corda toda. Mas mesmo que eu esteja animado com a nova novela, sei que vou sentir falta de Ti-Ti-Ti. E acredito que você também!
