Revista Aplauso - Stella Miranda
Bastidores
Stella Miranda
A Pessoa é para o que Nasce
Iniciei minha vida profissional em Paris, em 1975. Naquela época, jovem ainda, não sabia o que mais me enfeitiçava: palco ou bastidores. Voltando ao Brasil, desembarquei diretamente no Rio de Janeiro, deixando para trás minha paulistéia desvairada e meus anos de formação. Mas não abandonei de vez minha segunda opção profissional, pois também havia me diplomado em jornalismo.
Aqui no Rio, em 1979, debutei como atriz no premiadíssimo Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, na Cia Jaz o Coração. Eram os anos dourados do teatro de grupo. Já nessa época eu percebia em mim uma severa inclinação para um modelo particular, meu, de interpretação e criação: o teatro-cantante, como eu o chamava. Logo em seguida me vi trilhando uma trajetória peculiar, onde se mesclavam, em doses iguais, a atriz, a diretora, a produtora, a autora, a jornalista e a cantora. A pessoa é, realmente, para o que nasce.
Depois de um longo período atuando em inúmeros espetáculos nessas diversas funções/prismas, chegou o momento onde me senti confortável para assumir um cargo de administração cultural numa instituição pública. Ao assumir a direção artística da Sala Baden Powell me impus, como meta, incluí-la no calendário turístico-cultural da cidade. Missão cumprida. E hoje há um novo desafio: comandar o Teatro Carlos Gomes.
O centenário TCG, portal da Broadway carioca na Praça Tiradentes, é senão o maior certamente o teatro mais fecundo de histórias do Rio de Janeiro. E, de quebra, com o mais novo lançamento da praça, o Salão Nobre Guarany. São 100 anos de glória. E aqui estamos nós, iniciando um novo século dessa mesma história.
Agosto de 2005
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