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Quem esperava reconhecer em “A Vida Alheia” elementos de “Sai de Baixo” ou de “Toma Lá Dá Cá”, também de Miguel Falabella, teve uma surpresa. Embora longe do confinamento do estúdio e repleto de sequências externas e solares, o seriado não possui a leveza das comédias que ele já fez na televisão. O humor mais ferino e pesado, quase vizinho de uma certa amargura, lembra mais alguns trabalhos seus no teatro, como “Sereias da Zona Sul”.
“A Vida Alheia” é o título de uma revista de fofocas dirigida com mão de ferro pela implacável Alberta Peçanha (apelido, claro, Peçonha), personagem de Claudia Jimenez. A dona do negócio é Marília Pera, Catarina. As duas foram responsáveis por grandes momentos em atuações impecáveis. Paulinho Vilhena, como um paparazzo que busca um furo até debaixo d’ água (literalmente), mostrou uma maturidade que merece registro: apesar de dono de um currículo comprido na televisão, só agora ele conseguiu dar um salto de verdade e compôs um personagem diferente de todos os que já fez. A participação de Tereza Rachel, sumida do ar desde que emocionou num episódio de “Alice” (da HBO), foi outro ponto alto. Finalmente, Carlos Gregório, do elenco fixo, também se destacou. O diretor de fotografia, Nonato Estrela, compreendeu bem o tom do texto e o resultado foram imagens semiartificiais e muito bonitas.
“A Vida Alheia” teve deboche à vontade, mas, o mais interessante, sem explicitação. Isso deixou no ar dúvidas que caíram como uma luva para as situações que a trama apresentou: os paparazzi fazem mesmo qualquer negócio para conseguir um flagrante? Existe aquele vale-tudo na vida real? Pois é, talvez esteja aí a maior qualidade do seriado: equilibrar-se entre a triste verossimilhança e o divertido absurdo.
Fonte: Patricia Kogut
